segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Injustiça ao Alcance de Todos


Themis, a deusa grega da Justiça, filha de Urano e Gaia, sem venda, era representada portando uma balança na mão direita e uma cornucópia na esquerda. Símbolo da ordem e do Direito divino, costumava-se invocá-la nos juramentos perante os magistrados. Por isso, consideravam-na a Deusa da Justiça. A venda foi invenção dos artistas alemães do século XVI, que, por ironia, retiraram-lhe a visão. A faixa cobrindo-lhe os olhos significava imparcialidade: ela não via diferença entre as partes em litígio, fossem ricos ou pobres, poderosos ou humildes, grandes ou pequenos. Isso mostra que tanto a justiça como a injustiça são "privilégios" de todos, cada um no seu nível de merecimento. Até a figura mitológica foi injustamente vendada... Quanta ironia!
De todas as calamidades que afligem a humanidade nos tempos modernos, guerras, miséria econômica, epidemias, ignorância, terrorismo, contaminações e muitas outras perversidades, a que mais dói é a injustiça. Há muitos conceitos divergentes sobre o tema, porque se sabe muito pouco e aceita-se menos. O que é a justiça? Onde está? É a que aparece nos códigos e na Filosofia do Direito? Podem os juizes ser justos? Nenhuma destas perguntas obtém uma resposta que satisfaça a sede de justiça que padecem os desamparados. Nesta Reflexão tentaremos compreender algo deste difícil assunto à luz de tantos fatos vividos por empresas e pessoas.Há muitos códigos escritos. Desde a mais remota antigüidade, a justiça sempre foi uma necessidade não resolvida. O Império Romano deu à posteridade seu direito, que ainda guia os procedimentos legais modernos. A União Soviética, em seu momento de esplendor, contribuiu com o princípio da Responsabilidade Social, acima do direito do indivíduo; mas agora voltou à jurisprudência tradicional. As nações semitas praticam a pré-histórica lei da vingança de sangue, própria das tribos do deserto, e que, em parte, explica as incompreensíveis matanças entre árabes e judeus; eles a consideram justa à sua maneira: "Olho por olho; dente por dente". Os norte americanos, que possuem tantas raízes calvinistas agora, facilmente, permutam a justiça por dinheiro, e sentem-se satisfeitos; quanto mais dólares recebem, melhor justiça. Podemos compreender muitas coisas sobre as injustiças do ponto de vista teórico, sobretudo, só quem a experimentou pode compreender sua gravidade.Já falamos que o símbolo da justiça é uma deusa que segura uma balança em perfeito equilíbrio. A igualdade, imobilidade e perpetuidade são privativas de Deus, sempre semelhante a si mesmo; a justiça é divina e a injustiça?
A injustiça é quase sempre motivada pelo pensamento vil e em alguns casos pela incompreensão ou desconhecimento dos fatos, a própria ignorância, levando à vitima uma situação de desconforto e tormento. Quem nunca se sentiu injustiçado por estar ciente das suas certezas e comprometimentos e ver sua auto estima, seus ideais, sua dignidade tolhida e execrada com parcialidade, incompetência ou pura maldade? Quando nos encontramos na situação de vítima tentamos, a todo custo, provar o contrário daquilo que nos foi atribuído até que a verdade venha a tona.
O fato não se encerra ai, pois dessa situação nasce o sentimento de mágoa e desilusão, quebrando o encanto e o respeito pela pessoa, empresa ou a quem nos provocou esse sentimento. Sobrevém, inevitavelmente, uma mudança profunda de valores que nos faz repensar nossos atos e recriar novas expectativas para o futuro, de forma convicta e preventiva ou quem sabe, vingativa.

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